Revitalgarve apresentado no Encontro Nacional da RNAES
Alimentação Equilibrada e Sustentável" foi tema da conferência promovida pelo consórcio do projeto Rede Nacional para a Alimentação Equilibrada e Sustentável (RNAES) inserido no encontro "Wellness Weekend", que teve lugar no último dia 17 de maio, em Tomar, para debater temas como: educação alimentar, dieta mediterrânica, alimentação sustentável, agricultura familiar, desperdício alimentar, entre outros.
Painel "Alimentação Sustentável por Portugal"
O primeiro painel deste encontro incidiu sobre "Alimentação Sustentável por Portugal" e teve moderação de Custódia Correia, coordenadora da Rede Nacional PAC. Marcaram presença, além do projeto Revitalgarve, diversos projetos nacionais comprometidos com a promoção da alimentação equilibrada e sustentável, que proporcionaram um rico e profícuo debate e troca de experiências e perspetivas.
Entre os projetos apresentados contam-se o RedFruit4Health, o Eat4Change, o Revitalgarve, o Harvest, o Dieta Mediterrânica 4 You, e ainda o LA&DMMT - Literacia Alimentar & Dieta Mediterrânica no Médio Tejo.
O Projeto REVITALGARVE esteve representado neste painel por João Cassinello, da CCDR Algarve I.P. - Agricultura e Pescas, que apresentou as linhas gerais do projeto, os seus objetivos, as suas linhas de ação, e um ponto de situação do trabalho efetuado e das metas que o projeto pretende alcançar.
Na linha de ação "Conhecimento", foi realçada a importância de valorizar, através do I&DI, produtos alimentares do Algarve, especialmente, produtos provenientes do tradicional pomar de sequeiro, da pecuária extensiva e da pesca sustentável. Foram destacados três produtos a desenvolver: figo da variedade Côtea (seco pelo método tradicional em esteira e seco em secador solar), carne de ovino (enchido à base de carne curado seco e preparado de carne) da raça churra Algarvia, raça autóctone da região em franco declínio, e cavala (boas caraterísticas tecnológicas / filetagem), espécie de pescado abundante na costa, com o objetivo da sua introdução no mercado.
A identificação e validação de novas tecnologias em modos de produção sustentáveis é uma área importante para o projeto, especialmente o tema da pecuária extensiva, onde estão a ser seguidos novos modelos de gestão de pastoreio em duas Unidades Demonstrativas (SAIA e SAVM), com avaliação qualitativa e quantitativa de pastagens, controlo de GEE, tecnologias de geolocalização e monitorização para o controlo dos animais, e modelos para a sua valorização.
Na Linha de Ação "Territórios Rurais Inteligentes", foram destacadas atividades como o "Sistema Alimentar Territorial", onde estão a ser cadastrados produtores e transformadores agroalimentares do Algarve, e definidos os critérios de acesso a uma Rede de Produtores Locais do Algarve (RPLA).
Esta RPLA será associada a uma marca, o "saborear o ALGARVE", que está em processo de registo junto do Instituto Nacional de Propriedade Industrial, para dar visibilidade aos produtores e seus produtos. A restauração coletiva é um dos pontos fortes deste projeto, refere o responsável, é considerado um ponto chave para mudar estes sistemas alimentares territoriais.
Na terceira Linha de Ação "Diversificação Económica", foram destacados os Mercados de Produtores Locais, em ligação com a Rede Regional de Mercados Locais. Foi dada como referência o Viv`o Mercado, em Lagos, pelas suas boas práticas e onde já foi organizada uma primeira visita para conhecer a sua organização e funcionamento.
Na área da Valorização dos Recursos Endógenos estão a ser identificadas e inventariadas espécies e alimentos associados à DM e caracterização da sua produção na região, com técnicas sustentáveis. Por fim, foi referido o plano de comunicação, onde se está a trabalhar com o intuito de dar grande visibilidade ao projeto REVITALGARVE.
Mesa redonda
Seguiu-se uma mesa redonda em torno dos desafios e oportunidades da promoção da alimentação equilibrada e sustentável, composto por um painel de especialistas entre representantes de entidades públicas, e moderação de Artur Gregório, da Associação In Loco, membro do RNAES. Entre os desafios que o setor enfrenta, foram referidos aspetos como a segurança e a soberania alimentar, as ameaças a nível da biodiversidade, a falta de recursos disponíveis, a falta de educação alimentar, ou mesmo a falta de coragem política na promoção da alimentação sustentável. No campo das oportunidades, foram consensualizados vários pontos, tais como, a existência de iniciativas e redes promotoras da alimentação saudável, a qualidade dos nossos produtos alimentares, e o importante papel da investigação no setor.
A encerrar interveio Miguel Torres, presidente da Federação Minha Terra, que apresentou os resultados alcançados pelo RNAES. O representante refere que, no seu conjunto, os 22 projetos em parceria que compõem o RNAES englobam praticamente a totalidade do território nacional e envolvem quase todos os Grupos de Ação Local (GAL) nacionais. Estão assim envolvidas 1500 entidades, entre autarquias, escolas, associações, cooperativas, entre outras. Até à data, foram alcançadas mais de 35 mil pessoas, sendo que a meta é alcançar 80 mil pessoas. De acordo com o presidente da federação, o RNAES desempenha um papel fundamental no envolvimento das comunidades, e reforçou a importância dos nutricionistas para as questões em torno da alimentação equilibrada e sustentável.
A aposta em modos de produção mais sustentáveis, em circuitos curtos agroalimentares e em sistemas alimentares locais, tem no RNAES o seu ponto mais visível desse trabalho e na lógica do envolvimento da comunidade. Conclui que o desafio fundamental que o projeto coloca é "como somos capaz de demonstrar aos nossos interlocutores políticos que isto não pode ser apenas um projeto, mas sim uma política pública". Na ótica do dirigente é fundamental que este trabalho seja um trabalho de longo curso e não em função dos financiamentos que vão surgindo.
Sobre o RNAES:
A RNAES é um projeto apoiado pelo Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), que conta com a participação de várias entidades e contempla 22 projetos no âmbito do Plano Nacional para a Alimentação Equilibrada e Sustentável. Os projetos são apoiados pelo PDR2020 e estão a ser implementados por parcerias territoriais de nível NUT3 que envolvem os GAL, as CIM/AM e um conjunto alargado outros atores dos territórios.